Tuesday, November 27, 2007




"We think we're heroes, we think we're kings

We plan all kinds of fabulous things

Oh look how great we have become


Key in the door, the moment

I've been longing for

Before my bag hit the floor

My adorable children rush up screaming for a kiss

And a story they're a gift to this world

My only claim to glory

I surely never knew sweeter days

Blows my mind like munitions

I'm amazed



So much heaven, so much hell

So much love, so much pain

So much more than I thought this world could ever contain

So much war, so much soul

One mans loss, another mans gold

So much more than I thought this world can ever hold"


Faithless

Sunday, November 25, 2007

Outro dia, na aula de dança, errei na posição do pé. Foi por pouco que não o torci.
Tanta técnica, tanta regra. Mas...no fundo, quando eu danço é para mim. Quando danço, eu deixo de ter corpo, eu elevo-me ao mar, às nuvens, ao campo, ao rio. Eu voo, eu supero qualquer limite. Tudo à volta deixa de existir, e eu renasço como uma paisagem.


Eu danço para mim, e encontro-me numa bela obra de arte! Eu viajo.

Será mesmo necessário o pé estar naquela exacta posição? Às vezes questiono-me.


[danço e sou uma faísca eterna]

Wednesday, November 21, 2007

Sou um balão


Não sei o que fazer
Quando quero qualquer coisa.
Sinto-me como um balão.
Voo, assim, sem corpo.
Sozinha , redonda de ar
E frágil. Assim como uma pétala.
Sobrevoo um bairro de lata.
Até que um ramo de uma árvore,
Sem folhas e sem cor,
Rebenta-me! Explodo em pedaços finos, lisos.
Agora sim, sou uma pétala.
Mais macia que o plástico do balão.
Tombo no chão.
Sou pisada,
E vou resistindo no tempo do chão.
Sinto todas as pegadas .
Caída naquela areia, naquele chão,
A tristeza vai me decompondo
Em todas as pegadas vivas.
Pegadas lutadoras, pegadas humanas.
Perco vontade de querer.
Assim... desfeita naquela terra
Onde o mesmo Sol bate forte
Como em qualquer outro pedaço de terra.
Embora pisado por outras pegadas.


Rita , 19/11/07

Tuesday, October 09, 2007

Chuva

Chuva

Tudo hoje está frio.
Estes tons arrefecem-me.
Encontro-me no nublado coberto pelo medo do infinito.
Estou dentro de cada pingo de chuva. Mas não chove!
São lágrimas...
Saudade!

Lágrimas de uma prostituta

Lágrimas da prostituta.

É Madrugada. O abafo do céu esconde o silêncio.
Ruas vazias, pedras, vidros que o escuro reflecte.
Sozinha na estrada..caminha descalça e rastejante.
A pele arde de tudo...dos arranhões,
Das feridas que o frio queima.
Exausta, chega não dá mais!!!
Debruçando-se, filtram-se memórias, infiltram-se instantes.
Lembranças do brilho do Sol no sorri so da mãe
Lembranças do abraço da última amiga
Lembranças do primeiro beijo.
Os joelhos sangram no alcatrão.
Os olhos borrados, roupa interior rasgada.
Deitada, lançada na estrada.
Foi assim o último choro.


Rita/Setembro 2007
(O que mais me faz feliz é ser capaz de ser mais do que uma pessoa)

Um homem cego

Um homem cego, encontra uma jovem num passeio. A música de fundo é instrumental- saxofone.

J- Boa tarde... posso ajudá-lo?

C- sim, estou meio desorientado. É muito raro isto acontecer.

J- Pois, estáva aqui sentada a espera dum amigo e reparei que o senhor parece estar perdido.

C- Sabe... é a primeira pessoa desde há muito tempo que me oferece ajuda! (pausa e suspiro) Estou cansado.

J- Venha, sente-se aqui.
(encaminhando o homem para o banco no passeio, a jovem senta-se ao seu lado)

C- Posso lhe pedir um favor?

J- Claro...

(o homem devagar leva as suas mãos até a cara da jovem, apalpando levemente suas feições)

C- Não hesitou... normalmente quando faço isto as pessoas se afastam.

J- Não tenho problema nenhum... Queria fazer uma pergunta, o senhor quando “contorna” os traços da cara das pessoas, consegue ver e sentir a beleza delas?

C- Claro que sim. É muito bonita. E a sua voz também transmite uma grande alegria e a vontade com as pessoas.

(silêncio)

C- Descreva-me o que está agora à nossa volta, assim quem sabe eu me localizo.

J- Estamos mesmo em frente a uma tabacaria com uma senhora idosa e gorda na bancada... ao lado há uma Marisqueira com mesas ao ar livre, cheia de turistas que apreciam um músico que enquanto toca saxofone, espera uns trocos. Atrás do nosso banco dois gémeos pequenos compram balões numa bancada colorida de brinquedos... Já está a anoitecer e pequenos canteiros de plantas e flores atravessam o passeio e são iluminados pelos postes...

C- Continue!

J- Estamos no centro da cidade. Perto da estação de metro. As pessoas andam depressa. Nem se tocam. Uns mais nervosos que outros, outros mais exaustos, uns mais sorridentes, um ou outro casal apaixonado. Deste banco consegue-se ver dois apartamentos... Nas varandas encontra-se roupa estendida... uma criança que brinca com o cão... Um velho que dorme na cadeira sobre o jornal...

(o homem fica mais e mais emocionado, e interrompe lentamente)

C- Cada janela uma vida! Nestes minutos, eu consegui ver tudo...
Esse rapaz enganou-se muito acerca de si. Eu antes de ser cego, raramente ligava a essas coisas pequenas da vida... Eu daria tudo para voltar a ver. Mas talvez nem chegasse a perceber como é importante valorizarmos todas estas coisas bonitas que nos rodeiam agora neste momento. Começando por si! Muito obrigado! Este escuta-la agora, foi como voltar novamentar a ver.

J- (após um longo suspiro) Chegou o meu amigo... O senhor já sabe onde está?

C- Sei sim...muito bem mesmo! muito obrigada!

( a jovem pegou nas mãos dos homem, e levou-as até ao seu sorriso. O homem sorrir de volta)

(meio da noite, o cego chega à sua residência, e começa uma conversa com o seu companheiro de quarto, um velho)

C- Hoje conheci uma bela jovem... uma jovem que sabe escutar a vida.

V- Aonde?

C- Num passeio, na zona do centro. Quando ela me descreveu todo aquele lugar onde estavamos os dois sentados, eu descobri que era exactamente o mesmo lugar onde estive sentado à uns anos atrás, antes da minha cegueira...no meu primeiro encontro amoroso!

V- Contaste isso à jovem?

C- Não... porque para mim, aquele momento há anos já não vale nada. Eu nem soube valorizar o que me rodeava, nem sequer apreciar a beleza daquele simples passeio. Este hoje, foi o meu primeiro encontro amoroso: soube escutar alguém, e isso para mim é o que mais importa agora.

Rita Couto... 23 de Setembro, 2007

Dois cenários, duas crianças.

Um

Uma casa escura,
Quatro paredes de madeira.
Pedaços pretos mancham o chão,
Ainda cheira a queimado.
O incêndio foi fraco, mas era recente.
Pequenina, encostada aos ferros que sobraram da cama,
chora baixinho. Sozinha em casa.
A luz era fraca, a terra já giráva longe do Sol.
O último movimento que a luz diurna captou,
iluminou vagamente o seu único brinquedo.
Ela fixou-o e gatinhou, fungando,
Até se abraçar à boneca de porcelana.
Cortou-se no braçinho sujo.
A mão da boneca estava partida. Desfeita!
Estoirou no fogo!
O que sobrava limpo e inteiro, era o sorriso da boneca.
Tudo o que a aconchegou e manteve calma.
Foi o sorriso.

Dois

Pequenina, e que postura tão correcta!
Era assim que assentava no sofá
forrado de paninho cor-de-rosa.
O penteado está perfeito:
Uma fitinha branca, contrasta o cabelo escuro, liso.
Prateleiras enchem-se de dezenas de bonecas.
Bonecas de plástico, de vidro e porcelana.
Paredes altas, brancas.
O cheiro de lavanda e a limpeza dos móveis.
A claridade atravessa os cortinados
Longos, macios... tornando a luz harmoniosa.
Os seus olhos, focaram os vestidos bordados,
E os sorrisos imóveis naquela porcelana toda.
“Não quero mais... quero vida nos sorrisos”
A grandeza daquele quarto era um abandono.
A criança lançou ao chão todas as bonecas.
Vidros partidos, e ainda pisados pelas sandálias duras,
Que cobrem um pézinho... tão delicado.
Rita/2007

Sunday, June 03, 2007

eternal sadness




Quem irá voltar a perfumar todos os cantos desta casa?
Dar cor ao pincelar o meu quadro diário?
Para quem irei eu sorrir, quando me abrirem a porta de casa?
Se eu soubesse, abraçava-te horas até me deixar embalar, naquela tarde!
Assim como aqueles abraços que te dei quando voltáva de longas viagens.
Aquelas conversas que tinhamos a meio da tarde, a meio da manhã?
Aquelas risadas que dávamos?
Memórias.
Sinto um vazio.

Quando ficáva sozinha, era em ti que econtráva aquele calor de mãe, sentia conforto e alívio.
Ver-te em qualquer lado, já não estava mais perdida.

Nunca, nunca me vou esquecer do teu sorriso!
Nunca me vou esquecer das tuas palavras: “Rita, o nome mais bonito do universo!”
Nunca vou deixar de escutar a tua gargalhada, a tua voz, ou quando cantávas tão bem.
de sentir o sabor de todos os teus cozinhados.
Quando cuidávas de mim enquanto estava doente...
Ou as mentiras que diziamos uma a outra dia 1 de Abril!
As horas todas que conversámos, e desabafámos uma com a outra...
Agora, só queria era mais e mais...
Como eu era pequenina, a primeira vez que olhei nos teus olhos!
E tu foste acompanhando tudo, viste-me e fizeste-me crescer ao longo de todos estes anos!


Seja onde for que estejas, de mim e de muitos- nunca sairás!
Serás sempre o nome mais bonito!
(E assim continuam os maus fortes, e os bons frágeis, fracos...)

Wednesday, March 07, 2007

Desde há.......................................................................

Perguntaram-me um dia, mas há quanto tempo estão juntos?
Não soube responder de imediato, porque desconheço totalmente uma data ao certo, desde o nosso primeiro sorriso, olhar… desde a primeira correspondência… Bastou um toque, bastaram as palavras perfeitas, e olhares fortes, carregados de emoções para que este se tornasse o contacto mais intimo e marcante que alguma vez já tive! Pensei uns minutos no que poderia responder… Pensei, pensei… ramifiquei demais os pensamentos, já nem sabia qual a semente que colocava a questão… perdi o limite todo da situação...

E respondi com toda a respiração que tinha contida:
...não quero marcar data nenhuma, porque ao marcar uma data eu limito. Fui aprendendo do quanto os limites empobrecem-nos. Não sinto limite algum naquilo que me abstrai da realidade mundana… eu escrevo sem limites, eu penso sem limites, riu-me sem limites, canto sem limites… eu vivo sem limite algum! Eu conheço-o desde há infinitas estações… foram nascendo todos os dias flores, e tombando levemente folhas secas na terra escura e húmida. Decompuseram-se pétalas, secaram-se cores… Espreitaram novos tons dispersos pela melodia da chuva, cantaram orvalhos e relvados… conhecemo-nos sem limites. E por isso, somos eternos!

Rita Couto, Março 2007

Sunday, February 18, 2007

não morras antes de morreres!

Alguém já soube ver o Sol quando brilha no Mar?
A fresta de luz num bosque, que espreita por entre os ramos?
Um golfinho a dançar?
As lágrimas de uma mãe que perdeu um filho?
Alguém ja soube ver as mãos de uma avó?
O primeiro passo de um bébé?
Ou o reflexo da lua no olho de todas as crianças no Mundo?
Alguém já soube escutar a Natureza no silêncio nocturno?
Sentir o vento?

Aprende a ver com o teu interior,
A beleza que parte de ti
Para o resto do Mundo.
Descobre-te nos outros,
Perde-te para te encontrares.
E não vivas nas trevas, não morras antes de morreres!

Outubro 2006. Rita Couto