Tuesday, June 13, 2006

Um Olhar



Que olhar tão misterioso e profundo,
É como se mergulhasse no brilho destes olhos...
Um brilho que já alguma vez sonhei...
É como se já algum tempo, eu tivesse pintado
um quadro infinito destes olhos...

Rita Silva Couto

fotógrafo: Sebastião Salgado

(Site recomendado:http://www.time.com/time/photoessays/2006/congo_audio/?cnn=yes )

Marés em Mim




Marés em mim

Eu sou como o Mar.

Fico vaza...
sobraram-me pedaços cortantes
um resto de concha,
a aspreza de um coral sem cor.

Fico cheia...
inundo uma inteira costa,
Ondas fortes,
me perdem no vento.

Venho e volto...
Lisa, um espelho.
Ondulada, irrequieta.

Em todos nós... cobre-nos um Mar!

Rita Couto, Fevereiro 2006

Eu

"Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino, amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!"

Florbela Espanca

Presa




Sou prisioneira...
Entre fios misteriosos...

sufoco-me...
estou presa no desconhecimento...

quem sou eu?
de onde vim?
para onde vou?
prendo-me em questões inquestionáveis...
sou uma presa.
Presa de qual predador?
Sou a aranha?
Ou sou a teia que fabrica a aranha?
Não sei!


Rita Couto, dia 13 de Junho 2006, 23h55